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Sobre idas e voltas

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No meu minúsculo universo de um punhado de amigas, um enorme universo de transformações. Amores que acabaram, projetos que minguaram, notícias inesperadas, pessoas que se foram, pessoas que ainda nem chegaram, inúmeras frustrações e, provavelmente, mais lágrimas que risadas. Mais desesperos que preparos. Mais planos ruídos que sonhos realizados. 2015 foi um dos anos mais estranhos da minha vida. Da vida de todas nós. Tudo o que planejamos foi cercado de entraves e problemas aparentemente sem solução. Uma batalha entre todos os conflitos externos que assistimos e os internos que não resolvemos. Nem a chegada de um amor fez meu 2015 ser menos estranho. Fechamos o ano com aquela angústia de quem não cumpriu nenhuma promessa do reveillon passado, de quem não viu todos seus sonhos se concretizando em míseros 365 dias. Mas é tão pouco tempo, pensamos. E passa tão rápido, pensamos. E ainda assim parece que 2015 se arrastou por décadas e aquela esperança de ano novo que invade nosso coração, demorou pra chegar. “Alguém me tira deste filme, por favor?” Eu penso. E aí acabou o ano. Um alívio.

Planejamos a festa de reveillon, o que vestir, a cor da calcinha, o tom do esmalte, como vamos chegar lá, quem vai dividir o táxi, montamos um grupo no whatsapp para debater a logística de idas e vindas, afinal o Rio é um inferno no Reveillon. Descobrimos que não teremos como voltar da festa. Que não teremos um táxi pra nos devolver pra casa, nem uma van, nem ninguém. E aí sou atingida pela verdade que vai guiar meu 2016: deixa a vida resolver. Se quiser ir, vá. Seja qual for o caminho. Se não souber como voltar, espera. A volta só existe para quem se atreveu a ir. Aguarda o sol nascer, aproveita a companhia de uns amigos loucos que vão dar risada junto com você. Se embriaga até perder os sentidos e chora todas as mágoas do ano que passou. Ou ri, porque bom humor é fundamental. Começa o ano abraçada pelas pessoas que ousaram seguir um caminho parecido com o seu, mesmo sem saber como voltar pra casa. A certeza é um prato cheio de fórmulas repetidas, cansativas, sem graça. Bom mesmo é caminhar sem mapas. Arrisca. Aquele clichê do “o que importa é a viagem, não o destino” é a tendência pra 2016. Ponha em prática.

Desapega do manual de navegação. Usa o coração como bússola. A resiliência como força. As palavras boas como lei. Com 2015 você provavelmente aprendeu que um barco furado só afunda se você não tiver mais fôlego pra remar. Mantenha o ritmo e se não tiver resistência, exercite. A perseverança é um músculo como qualquer outro e precisa de treino. “Ah, mas não tenho remos.” Então nade. “Ah, mas não sei nadar.” Peça ajuda. O orgulho é feito chumbo e afunda a gente.

Tire o tempo que for necessário para perceber se é preciso desistir ou continuar. Desistir não é demérito, você não precisa vencer todas as batalhas. Continuar não é necessariamente uma vitória, pode ser um desgaste. Use sua força para o que te faz bem de verdade. Respira, fecha os olhos se acalma sobre as ondas. Deixa a vida resolver pra onde quer te levar e abraça esse imenso horizonte sem medo. Talvez você nem precise saber como voltar, apenas como continuar seguindo.

Feliz 2016.

beijos carols


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