Falávamos sobre como a vida adulta é cheia de pequenas dificuldades e inúmeras decisões desimportantes, quando meu namorado virou pra mim e falou: “amor, sabe por que os grandes homens de negócios vestem todos os dias a mesma roupa? aquele terno, gravata e camisa branca? Pra não ter que lidar com decisões fora do trabalho.” Naquele momento eu não sabia dessa informação – depois encontrei uma matéria sobre o assunto – mas foi como se uma verdade gigantescamente óbvia estivesse caindo no meu colo.
Mas como assim, vestir a mesma roupa? Vamos lá: Steve Jobs = camisa preta e calça jeans. Mark Zuckerberg = camiseta cinza e calça jeans. Karl Lagerfeld = blazer preto, camisa branca e óculos escuros. Michael Kors = blazer preto, camisa preta e calça jeans. Estes são só alguns exemplos, mas existem muitos outros. Usar sempre roupas iguais pode parecer uma falta de criatividade imensa, mas se pararmos para pensar na quantidade de coisas que podem ser transformadas na nossa vida só pelo fato de não termos que decidir o que vestir, aí a ideia muda de figura.
1) A primeira de todas é uma óbvia assinatura de estilo. É inegável que a repetição se transforma em marca pessoal e a gente acaba sendo reconhecido por aquilo. Eu, por exemplo, uso tanta saia midi que é como se qualquer outra roupa/comprimento não fosse mais a minha cara. É como se, ao encontrarmos nossa assinatura de estilo, a gente tivesse encontrado a formulinha que dá certo e isso traz um certo conforto na alma.
2) Quando usamos sempre a mesma roupa (lavando, claro!), diminuímos muito o tempo que gastamos com tudo que envolve a manutenção de um armário com muita variedade. Economizamos tempo para escolher a roupa, para comprar algo novo, para lavar, passar e organizar o que temos. E como o tempo é algo cada vez mais valioso para nós, gastá-lo com essas pequenas decisões acaba gerando minúsculos estresses que se acumulam com o passar do tempo. Parece exagero né? Mas digo por experiência própria que já perdi as contas de quantas vezes gastei muito tempo escolhendo uma roupa, depois trocando, depois sofrendo por achar que não tinha nada pra vestir, depois saindo pra comprar algo novo pra tal festa imperdível, e aí comprei também um sapato pra combinar e quando percebi tinha torrado horas (e dinheiros!) valiosas do meu dia em busca de uma roupa que usei apenas uma vez. Acontece com todas nós.
3) Roupas iguais, armário enxuto. Por isso que a ideia do armário-cápsula está fazendo tanto sucesso. Tem coisa mais prática do que você ter apenas 37 peças de vestuário (contando sapatos!) com que se preocupar? Isso gera menos consumo, menos estresse e mais economia.
4) A partir do momento em que você decide limpar sua vida de peças supérfluas e focar em utilizar bastante tudo o que você tem, repetindo seus looks até a exaustão, você começa a optar por comprar peças de mais qualidade, mais bem acabadas, melhores tecidos, por que sabe que o preço vai compensar a durabilidade daquele item e assim você vai parar de comprar blusinha de quinta categoria na fast-fashion mais próxima.
Resumindo: você economiza tempo, dinheiro e paciência.
Mas aí a gente pensa: poxa, vestir sempre a mesma coisa? Que boring! Até parece falta de criatividade! Mas, como profissional criativa, que sempre trabalhei nessa área, eu posso afirmar uma coisa pra vocês: criatividade demanda tempo, não brota em árvore, dá trabalho e, por isso, às vezes é importante ter um “setlist” de looks repetidos para nos salvar de um dilema que, na real, não precisaríamos ter. É claro que isso não quer dizer que você vai deixar de ser fashionista e virar molambenta (apesar de você poder fazer isso, se quiser) e sim que você vai selecionar BEM melhor tudo que entra no seu armário pra não ter crises de indecisão.
Longe de mim querer me comparar a Steve Jobs, né gente…mas quando eu resolvi adotar um estilo mais “minimalista”, foi pensando em simplificar minha existência fashion e diminuir a quantidade de roupas (e decisões!) que acumulo. Explico: sou libriana e, por mais que pareça ridículo, acredito muito que minha personalidade é incrivelmente regida pela minha conjuntura astral cada um com suas crenças. kkkkkkk. E por ser libriana, tomar decisões pessoais (minhas decisões profissionais são regidas pelo meu ascendente em capricórnio! kkkkkk) é tipo o pior pesadelo da minha vida. Cardápios de restaurante são como maçaricos queimando meus olhos. O pavor é tanto que eu paraliso diante de decisões ridículas como “comer sorvete de tapioca ou pistache?” Por esses motivos, me vestir também se tornou uma fonte enorme de angústias, além de muito tempo gasto trocando de roupa, odiando, desistindo.
O fato de ter um blog onde exponho o que visto também não ajuda muito nesse processo de decisões fashion porque, de alguma forma, eu me sinto na missão de trazer ideias legais pras minhas leitoras, looks inspiradores, ousados, arrebatadores (na medida do possível da minha realidade financeira kkkk) e nem sempre um basiquinho é meu ideal de inspiração. Na verdade o basiquinho, normcore, minimalista está longe de ser o tipo de “moda” que faz meu coração bater mais forte, mas foi esse o caminho que eu encontrei para economizar tempo e angústias na minha vida. E, apesar de não ser o estilo que faz meus olhos cintilarem, é com certeza o que mais me tem feito feliz.
Fotos: mamain <3
Então, para ilustrar todo esse blá blá blá, aqui está um dos looks que mais tenho usado nos últimos tempos: blusa ciganinha e calça cropped. Tenho apostado muito em peças básicas e como raramente encontro algo legal, fresquinho, sem ser poliéster, eu mesma criei uma série de peças assim para a Prosa. Tô chegando no nível de consumo que sempre sonhei: aquele em que eu mesma mando produzir minha roupa. hahahahah
Mesmo com o calor intenso do Rio de Janeiro, ainda não consegui parar de usar preto o tempo todo. Já falei pra vocês que essa é a minha ~cor da segurança~ né? Então como estou numa fase mais introspectiva da minha vida, questionando tudo, pensando mil coisas (mas sem decidir nada, óbvio hahaha), o preto tem sido meu “manto da invisibilidade” #harrypotterdetected e eu me sinto verdadeiramente forte usando essa cor.
Gente, que papo de louco foi esse? Steve Jobs, astros, decisões? Comecei falando de uma coisa, terminei falando de outra. Tenho passado tanto tempo sem escrever aqui que estou perdendo a capacidade de concatenar ideias! Me perdoem. :P
Blusa: Prosa, R$ 119 aqui | Calça Cropped: Prosa, R$ 159 | Tênis: Adidas Stan Smith, presente da marca | Colar e Pulseiras: Mercado Bossa | Relógio: Cluse Watches | Óculos: Loucos por Óculos, R$ 110 | Bolsa: presente da irmã | Batom: um mega velho da L’Oréal Paris.