Quantcast
Channel: carolburgo.com
Viewing all articles
Browse latest Browse all 150

Crônica de provador: Chapéu de Blogueira

$
0
0

“Tem uma menina ali com chapéu de blogueira, você viu?” Foi dessa observação que nasceu este post. Em pleno pagode (à noite) numa galeteria da Tijuca, uma moça usava um chapéu de blogueira. Não fosse o fato de ser de noite, numa galeteria, escutando pagode e vestindo body de oncinha com short jeans, o chapéu teria total pertinência já que, mais do que um acessório de moda, ele é um indicador de estado de espírito de um ser humano. Mas como assim? Passo a explicar.

Você talvez não saiba, mas existe um chapéu de blogueira. Uma peça muito utilizada nos mais diversos perfis dedicados ao estilo diário de mulheres mundo a fora. O chapéu não é qualquer um. É floppy, maleável, de feltro, que te deixa com cara de parisiense-hippie-pobre-s0vaco-cabeludo-cujos-pais-tem-muito-dinheiro-e-portanto-você-é-rica. E, claro, você é limpinha, tomada banho e maquiada. O cabelo no sovaco é ironia. O chapéu de blogueira é a materialização do espírito Janis Joplin de curtir a vida com muita intensidade, good vibes, paz&amor nos dedinhos e dinheiro no bolso, que você não demonstra que tem, mas tem e se não tiver parece que tem, mesmo que o chapéu custe apenas 8 dólares do Aliexpress.  O chapéu de blogueira não é só um acessório de moda amplamente democratizado nas redes sociais, é também um statement de algumas características psicológicas que definem o joi-de-vivre de quem o veste: muita felicidade, muita #gratidão e um punhado de olhar misterioso que se desvela sob as abas flexíveis do feltro e para bem ali, diante das câmeras.

O chapéu de blogueira pode vir em diversas cores: nudes e caramelos estão na preferência das bloggers mais felizes, praianas, musas do biquini com shortinho; vinho e preto (comprei um de cada) estão no top 10 das blogueiras góticas-suave, que amam uma foto p&b e desfilam suas cabeças intelectuais por museus com arte de qualidade duvidosa, usando saia longa e top cropped. Nenhuma é infeliz dentro de um floppy hat, mesmo morando no Brasil, onde é praticamente impossível ser feliz com o cérebro assando dentro de um chapéu de feltro. A infelicidade não tem vez, aqui, não com um floppy hatFloppy hat é a guloseima da moda. A última jujuba no pacote. O must-dress do seu look do dia. Além de ser ótimo para esconder uma raiz sem retoque do cabelo, ou disfarçar seu olhar cansado, ou pagar de misteriosa nas redes, este chapéu também exala uma aura de alegria que transforma nosso olhar diante das câmeras do mundo, ainda que nossos olhos estejam cobertos pelas tais abas maleáveis. E por toda essa magnificência, eu, como blogueira, achei que devia usá-lo hoje por que perdi meu guarda-chuva, está chovendo fino e eu encontrei uma nova função para essas tremendas abas.

image1

Vestido: Marina Morena | Cardigan: Zara (acho que foi R$ 99 | Bolsa: C&A, R$ 99 | Botas: Stradivarius, presente da irmã | Chapéu: eBay, uns 8 dólares kkkk


Viewing all articles
Browse latest Browse all 150